Suzana e Helena de Figueiredo foram pianistas brasileiras de alto nível técnico, que fizeram grandes contribuições culturais e pedagógicas para o país. Junto à sua irmã mais nova, Sylvia de Figueiredo, e à colega de profissão Celina Roxo, criaram e dirigiram a Escola de Música Figueiredo-Roxo, pedra fundamental da Escola de Música Villa-Lobos no Rio de Janeiro. As primeiras lições pianísticas formais de Helena e Suzana aconteceram no Instituto Nacional de Música, com o pianista Alfredo Bevilacqua. Após este período, as gêmeas pianistas foram contempladas com bolsas de estudo para a Alemanha, e lá estudaram com José Viana da Motta (CORDOVIL, 1985). Após um período de concertos por Berlim, Londres e Paris (Sala Gaveau), as irmãs Figueiredo retornaram ao Brasil, dedicando-se a concertos, recitais, correpetições e ao ensino da música. Suzana e Helena de Figueiredo eram filhas de Francisco Aurélio de Figueiredo e Mello (1856-1916) e Paulina Capanema de Figueiredo. Aurélio de Figueiredo era um artista visual e escritor que frequentou a Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro sob a orientação de seu irmão, o pintor Pedro Américo (1843-1905) e de Jules Le Chevrel (ca. 1810-1872). O artista completou sua formação artística na Europa entre 1876 e 1878, quando estudou com Antonio Ciseri (1821-1891), Nicolò Barabino (1832-1891) e Stefano Ussi (1822-1901). Com isso, percebe-se que o ambiente familiar no qual as pianistas foram criadas foi envolto em atmosfera artística. Manaus, cidade na qual a presente pesquisa foi desenvolvida, salvaguarda cinco obras pictóricas de Figueiredo em acervos institucionais e em ao menos três ocasiões o artista esteve na cidade, 1888, 1907 e em 1909 (XXXXXX, 1997). O círculo artístico de Aurélio de Figueiredo ultrapassou o âmbito das artes visuais e aproximou-se da música. Esta comunicação tem como objetivo apresentar as informações levantadas sobre a trajetória das irmãs Figueiredo, especificamente Suzana e Helena, no período de 1895 a 1920, com o intuito de recuperar a memória musical destas pianistas que foram artisticamente ativas na primeira metade do século XX, e que estão despercebidas na história da música brasileira. Pretende-se apresentar as publicações em periódicos com informações sobre os programas de concerto, tipo de repertório executado, frequência de concertos, formações, e imagens das musicistas, explicitando duas imagens que podem ser relevantes como iconografia musical. A primeira imagem é a foto das gêmeas Figueiredo, feita em 1907 por Silvio Bevilacqua, sentadas ao piano como aspectos visuais bastante característicos que podem ser comparadas à segunda imagem apresentada, a pintura O Baile da Ilha Fiscal, uma pintura de Aurélio de Figueiredo realizada em 1905, porém apenas levada a público em 1907 (LENZI, 2019), coincidentemente o mesmo ano da fotografia de Bevilacqua. A metodologia da pesquisa consistiu em um levantamento histórico na imprensa periódica do Rio de Janeiro no referido período, em busca de fontes primárias.  Paralelamente ao processo de pesquisa histórica foi realizada a leitura de bibliografia concernente ao tema, referentes aos estudos de gênero na arte e na música para a fundamentação teórica, como Bogin (1980), Chiti (1995), Vicente (2012), Garb (1998), Costa (2002) e Tick (2016).