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Menina ao Piano de Aurélio de Figueiredo: indícios de um círculo artístico-musical
Keyla Morais da Silva Martinez, Luciane Viana Barros Páscoa

Última alteração: 2017-06-08

Resumo


Francisco Aurélio de Figueiredo e Mello foi artista visual e escritor, frequentou a Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro sob a orientação de seu irmão, o pintor Pedro Américo (1843-1905) e de Jules Le Chevrel (ca. 1810-1872). Completou sua formação artística na Europa entre 1876 e 1878, quando estudou com Antonio Ciseri (1821-1891), Nicolò Barabino (1832-1891) e Stefano Ussi (1822-1901), todos pintores de história, gênero e retrato. Na década de 1880 participou de várias edições da Exposição Geral de Belas Artes. Sua obra abrange além de retratosnaturezas-mortascenas de gênero e paisagens, grandes composições de temas literários e históricos, tais como as obras realizadas para o governo do estado do Amazonas, onde esteve em três ocasiões: 1888, 1907 e 1909. Em Manaus encontram-se cinco obras pictóricas em acervos institucionais: A Ilusão do Império, também conhecida como O Último Baile da Ilha Fiscal  e O Banho de Ceci (Pinacoteca do Estado do Amazonas);  A Lei Áurea (Biblioteca Pública do Estado do Amazonas); os retratos da Princesa Isabel e de Dom Pedro II, (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas). O círculo artístico de Aurélio de Figueiredo ultrapassou o âmbito das artes visuais e aproximou-se da música. Seu avô, Manuel de Cristo, foi maestro e seu pai e tios receberam formação musical. Aurélio de Figueiredo casou-se com Paulina de Capanema (filha de Guilherme Schuss, Barão de Capanema) e dessa união nasceram as filhas Helena, Suzana, Sylvia e Heloysa, que se tornaram pianistas de alto nível técnico. As três primeiras  criaram e dirigiram a Escola de Música Figueiredo Roxo, pedra fundamental da Escola de Música Villa-Lobos no Rio de Janeiro (CORDOVIL, 1985). Na pintura  Menina ao Piano (1892), Aurélio de Figueiredo  retrata sua filha Sylvia com três anos de idade diante do piano em ambiente doméstico. Sylvia Figueiredo e suas irmãs Helena e Suzana estudaram no Instituto Nacional de Música com o pianista Alfredo Bevilacqua. Quando as irmãs gêmeas Helena e Suzana foram agraciadas com uma bolsa do governo brasileiro para estudar na Europa, a família se transferiu para Berlim. Suzana e Helena estudaram com José Viana da Motta e Sylvia foi matriculada no Conservatório Klingworth-Scharwenka, na classe de Franz Xaver Swarwenka. Sylvia Figueiredo recebeu prêmios no exterior e após um período de concertos por Berlim, Londres e Paris, as irmãs Figueiredo retornaram ao Brasil, dedicando-se ao ensino da música. O objetivo deste artigo consiste em realizar um estudo iconográfico da pintura acima referida, além de relacionar aspectos da vida do artista e de suas filhas, bem como seu legado artístico-musical. Para realizar a análise da obra pictórica será utilizada a metodologia de Erwin Panofsky (2002), assim como a fundamentação teórica da sociologia da arte de Enrico Castelnuovo (2006) e Pierre Francastel (2011). Para a abordagem da trajetória das irmãs Figueredo através da musicologia e estudos de gênero, referenciamos Nogueira e Rosa (2015), Vicente (2012) e Tick (2014).

Palavras-chave: Aurélio de Figueiredo; irmãs Figueiredo, iconografia musical, piano.



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