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Mapas Sonoros e a Iconografia transtextual
André Luis Oliveira Pereira de Souza

Última alteração: 2018-07-30

Resumo


A cibercultura para Pierre Levy compreende o ciberespaço como território que preserva a diversidade musical do mundo, sendo constantemente alimentado por ilhas imperceptíveis, mas muito vivas, carregadas de antigas tradições locais, criatividade poética e musical, inesgotáveis e amplamente distribuídas. A informática e o hipertexto funcionam como sínteses da comunicação contemporânea onde se hibridizam os códigos visuais, sonoros, da oralidade e da escrita tradicional, na senda ecologia cognitiva. Os mapas sonoros cartografam territórios de compartilhamento virtual, experiências estéticas, políticas e ambientais, numa ecología do virtual, da mesma forma que as ecologias do mundo visível (Guattari, 1992) e participam na pesquisa contemporânea sobre as artes. Os mapas sonoros retomam o conceito de "paisagem sonora" (Schaffer, 2011), que tem como maior expressividade, o The World Soundscape Project/WSP, que pesquisou sistematicamente o entorno acústico de distintos ambientes num estudo comparativo da paisagem sonora mundial. O método cartográfico foi levantado como um dos princípios do rizoma (Deleuze e Guattari, 2005), por não reproduzir um inconsciente fechado sobre si mesmo. O mapa  elaborado como processo constante de atualização do real, "contribui para a conexão dos campos" O Mapa Sonoro e Estatístico: Línguas Indígenas ou Originárias do Peru (www.mapasonoro.cultura.pe), centrado na conservação da memória sonora das línguas existentes no país, legitima a oralidade como patrimônio cultural imaterial. O arquivo dos registros, testemunha a ocupação do território e as relações ecológicas das mais de 45 línguas, apresentadas em peças sonoras - trechos de canções e narrativas orais desses povos - além de informação estatística das comunidades de falantes, intérpretes e tradutores dessas línguas. A iconografía do Projeto  Soinumapa (http://www.soinumapa.net),  vai no sentido do registro da memória da língua e do ambiente acústico do País Basco, mas além dos sons, oferece fotografías, pinturas, gravações e textos (antigas leis, crónicas e descrições) ampliando a noção iconográfica e hipertextual. O caráter colaborativo e interativo faz com que seja atualizado e enriquecido por gravações diversas, para as quais se utiliza uma estrutura de organização e classificação dos sons. O Soinumap propõe como rota de fuga, hiperlinks para uma rádio online. O projeto RE:MAPA apresenta reinterpretações de artistas e músicos experimentais aos sons gravados in loco, unindo os campos da ecologia, linguística e psicoacústica às  performances artísticas como a landart (Earth art ou earthwork). O presente trabalho percorrerá os territórios virtuais dos mapas sonoros, afim de aproximar a iconografia transtextual dos campos do conhecimento e saber que na contemporaneidade agenciam "constelações singulares de universos" da matéria finita e do imaterial.


 

 



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