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Desafios do Museu Virtual de Instrumentos Musicais no ciberespaço
Adriana Olinto Ballesté, Ana Cristina Valentino, Álea de Almeida

Última alteração: 2021-04-29

Resumo


O Museu do século XX, trilhou um caminho para uma nova forma de existência, que extrapola o conceito de uma coleção de objetos encerrada em um edifício para abraçar a ideia de integração com a sociedade em um sentido mais amplo. Na esteira dessa transformação e com a evolução da Internet, o museu se expandiu para o ciberespaço, e mais uma vez se reinventou com a criação do museu virtual ou cibermuseu. O ciberespaço abarca "não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que alimentam esse universo" (LÉVY, 1999, p.17). 

Nessa direção desafiadora foi concebido, em 2011, o Museu Virtual de Instrumentos Musicais (MVIM), com uma proposta inovadora dedicada à agregação de acervos, representação, documentação, comunicação, divulgação, exposição e discussão sobre instrumentos musicais. 

Nesse artigo, procuramos refletir sobre a experiência de museu no virtual, tanto no que se refere ao organismo museu, seus pensamentos e suas práticas, quanto em sua dinâmica com os seus visitantes, explorando a relação sujeito-objeto no contexto da tríade digital-virtual-real e dos seus desdobramentos comunicacionais, uso de mídias, redes sociais e outros recursos tecnológicos. Nesse sentido, pensar em um museu sem público é o mesmo que pensar em um emissor sem um receptor nos sistemas de comunicação. Para que a "mágica" aconteça, é preciso que exista um diálogo entre os interlocutores. A reflexão a respeito da experiência de museu, pautada na bagagem informacional e emocional que cada um carrega, única, pessoal e intransferível e que se dá, sobretudo, no nível da experiência individual, será desenvolvida no âmbito das especificidades desse encontro no meio digital e das estratégias que o museu virtual pode criar para viabilizar esse encontro a partir dos processos de curadoria digital.

Destaca-se a grande influência do público, ou melhor, das relações entre sujeito e objeto nas práticas do MVIM. Entende-se que os procedimentos no museu virtual são, em muitos aspectos, semelhantes aos procedimentos de musealização das instituições físicas, abarcando ações de preservação, documentação e comunicação. Porém, pela própria natureza essencialmente informacional e comunicacional dos museus virtuais há algumas especificidades nos seus procedimentos de musealização que podem ser observadas nas práticas do MVIM, que se propõe a ser um museu catalizador.

O MVIM apresenta características singulares: (1) engloba acervos de várias instituições (Museu Instrumental Delgado de Carvalho, Museu Villa-Lobos e Instituto Moreira Salles), cujos itens de acervo são apresentados através de fotos, textos descritivos, classificação, descrição, bibliografia e notas; (2) disponibiliza diversos espaços virtuais, além do catálogo, visando um diálogo mais amplo com o público, como vídeos com músicos, entrevistas com luthiers, artigos escritos por pesquisadores e um espaço para novidades e curiosidades e; (3) conta com desdobramentos comunicacionais externos ao Website do museu no Youtube, no Facebook e no Instagram. 

A experiência prática do MVIM será o fio condutor de nossa análise, abordando ações de curadoria digital que incluem estratégias de gestão e disponibilização da informação no site e nas redes sociais do museu.

LÉVY, Pierre. Cibercultura / Pierre Lévy; tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. 264 p. (Coleção TRANS).



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