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Minas Geraes: o que há por trás das capas?
Heloísa de Araújo Duarte Valente, Matheus Barros de Paula

Última alteração: 2021-04-29

Resumo


Os três morros unidos; o sol acima dando a cor quente e árida ao desenho; a maria-fumaça cortando a obra com seus vagões. Este simples desenho de autoria do músico e compositor, encontra-se presente, não somente na contracapa do disco Minas (1975), como na capa do disco Geraes (1976), e carrega uma série de símbolos característicos de um imaginário social, de uma identidade regional mineira, que se tornariam, posteriormente, uma espécie de identidade visual e assinatura de Milton Nascimento. Contudo, não se trata, é claro, de um desenho aleatório, e sim, de uma obra que visa dialogar, ou melhor, afirmar, questões identitárias presentes nos álbuns como um todo, construindo assim uma espécie de narrativa que une, os títulos, as faixas, as orquestrações e arranjos, e etc. Os álbuns em questão fazem parte das obras notáveis de Milton Nascimento, fortalecendo, entre outras coisas, sua relação e identificação com o estado mineiro. Este trabalho pretende refletir sobre como as capas dos discos Minas (1975) e Geraes (1976), se inserem dentro da obra, de que maneira os elementos característicos de uma identidade regional foram organizados visualmente e sonoramente, e de que forma a relação música-título-imagem se estabelecem. Para isso, o estudo dos processos de identificação e criação de um imaginário coletivo regional se faz necessário, assim como um conhecimento sobre seus respectivos símbolos marcadores. Autores como Stuart Hall, Kathryn Woodward e Tomaz Tadeu da Silva, contribuirão para nossa discussão sobre a construção de identidades, bem como autores que se dedicaram a estudar a ideia de mineiridade, como Maria Arminda do Nascimento Arruda, Ayres da Mata Machado Filho, João Camilo de Oliveira Torres e Mônica Chaves Abdala. As reflexões sobre a arte da capa e sua relação com o material sonoro dos discos, se darão tanto através de uma análise do material, quanto pelas pesquisas já desenvolvidas por Thais dos Guimarães Alvim Nunes, Sheyla Castro Diniz e Valéria Nancí de Macêdo Santana.   

 

Referências:

ABDALA, Mônica Chaves. Receita de Mineiridade: A cozinha e a construção da imagem do mineiro. 2ª ed. Uberlândia: EDUFU, 2007.

ARRUDA, Maria A. do Nascimento. "Mitologia da Mineiridade". São Paulo: Editora Brasiliense. 1990.

DINIZ, Sheyla Castro. "... De Tudo que a Gente Sonhou": Amigos e Canções do Clube da Esquina. São Paulo: Intermeios, Fapesp, 2017.

MACHADO FILHO, Aires da Mata. O negro e o garimpo em Minas Gerais. Belo Horizonte : Ed. Itatiaia ; São Paulo : Ed. da Universidade de São Paulo, 1985.

NASCIMENTO, Milton. Minas. EMI-Odeon, 1975.

NASCIMENTO, Milton. Geraes. EMI-Odeon, 1976.

NUNES, Thais G. A. A sonoridade específica do Clube da Esquina. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Artes - Campinas, SP, 2005.

SANTANA, Valéria Nancí M.. Pelo olhar e Cafi: O processo criativo das capas de discos da geração Clube da Esquina. Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia. Salvador, BA, 2018.

SILVA, Tomaz T.; Kathryn Woodward (Org.). Identidade e diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Tomaz Tadeu da Silva (org.). Stuart Hall,. 15. ed. - Petrópolis, RJ : Vozes, 2014.

TORRES, João Camillo de O. O homem e a montanha: Introdução ao estudo das influências da situação geográfica para a formação do espírito mineiro. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.



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