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O Mistério de Osíris: Elementos cênicos nos Festivais do Antigo Egito
Lucia Gomes Serpa

Última alteração: 2021-04-29

Resumo


Este trabalho é parte da pesquisa de Doutorado, realizada para o Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, que investiga as configurações cênicas na cultura do Antigo Egito, tendo como objetivo o resgate basilar do modo peculiar com que acontecia o Mistério, em inúmeros festivais espalhados pelo país. Aqui, analisamos os elementos que faziam parte do Mistério, como a presença de músicos, cantores, dançarinos, diálogos, utilização de máscaras e a participação do povo em grandes procissões que acompanhavam as cenas e, ao mesmo tempo, faziam parte delas. Com base nos estudos de Araújo (1974; 2000), Clark (2004), Cashford (2010) Carvalho (1997; 2013; 2017) e Driotton (1954a; 1954b; 1957), além das narrações de Heródoto (2016) e Plutarco (1996) utilizamos a história de Osíris, um dos deuses mais populares, que era apresentada anualmente em várias cidades, em praça pública, como manifestação do modo de vida e de arte do Egito Faraônico. A acepção de festival, para os egípcios, abarca uma questão educativa em que a realização de apresentações cênicas tinha como um de seus objetivos fazer a história do deus ser conhecida e lembrada por todos. Nosso intuito é olhar para o acontecimento, em que cena e ritual não estão separados, compreendendo a presença de um Leitor e um Celebrante, representando a palavra e a ação, forças que deveriam estar sempre unidas para que o Mistério acontecesse, como uma grande cerimônia que teria êxito em restabelecer e manter a ordem cósmica. Nesse percurso, dialogamos com diferentes linhas da egiptologia - como aquela, herdeira de um modelo europeu, iniciada no século XIX, como também a que defende que a cultura do Egito Antigo integra uma África negra e ancestral. Adentramos também na questão da consolidação de um modelo grego que se tornou hegemônico na tradição teatral euro-ocidental, apoiado em uma doutrina universalista e literária do teatro, a partir da Poética, de Aristóteles, com as contribuições de Dupont (2017) e expoentes da Filosofia Africana e Afro-diaspórica.

 


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